Primeiro dia de Trabalho

Antes desse caso que vou contar, quero fazer uma ressalva: meu primeiríssimo trabalho foi como babá, e durou só 3 dias. Há! A menina não foi com a minha cara, mas enfim, já comecei mal.
Bom, eu acho que foi lá pelos meus 15 anos, como babá também. Dessa vez era um menino. Eu lembro de ter chegado à casa dele, sentado na mesa pra conversar com a mãe e ela me dizer:
- Ele é chato, já vou te avisando.
Eu ri. Geralmente as mães falam maravilhas dos filhos, pra não assustar as babás. E aí nossa raça acaba descobrindo que é o contrário. Mas essa mãe de cara me falou que o menino era chato. Eu ainda pensei: “ela deve estar brincando, eu vi o menino na rua e ele parece tão calmo”...
Nunca me caiu tão bem aquela frase “as aparências enganam”. Ô garotinho petulante!
Eu tinha que dar mamadeira pra ele por volta das três horas. Mas eram só duas horas e ele já tava me pentelhando:
- Tiaaaa! (quem foi que inventou que a gente tem que ser tia de um pivete desconhecido?)
- O que foi?
- Faz mamadeira?
- Daqui a pouco eu faço.
5 minutos depois:
- Tiaaa, faz mamadeiraa?
- Daqui a pouco eu faço!
5 minutos depois:
- Tiaaaa...faz mam..
- DAQUI A POUCO A TIA FAAAZ!
Revoltei de tal maneira que eram duas e meia mais ou menos, eu fui fazer a maldita da mamadeira. Aliás, tentei fazer, porque a cada vez que eu acendia o gás pra por o leite esquentar, ele ia lá e desligava. E se tem uma coisa que eu detesto fazer é acender o gás (é, detesto mesmo, e daí?). Mas então, consegui fazer a mamadeira creio que meia hora depois, de tanto que o pivete me atrapalhou. Feita a mamadeira, eu precisava trocar a roupa dele pra levar ele pra avó, já que naquele dia eu tinha compromisso. Tentei de novo, sabe? O pivete além de não me deixar por a roupa, o tanto que eu conseguia, ele tirava. Idem pro sapatinho. Naquele dia quase perdi a hora do meu compromisso.
Isso foi só no primeiro dia, que eu fiquei com ele no máximo umas duas horas.
Nos outros dias que ele botou as garrinhas de fora. Se trancava no banheiro, fugia de dentro de casa, ficava tentando arrancar a tinta da parede, pedia comida e depois não comia, tentava me afrontar. Tenso. Fiquei lá só um mês.
Crianças poderiam ser todas dóceis. Adolescência que serve pra rebeldia. Mas esse aí começou desde cedo! Mas enfim, criança nenhuma é “normal”. Se a sua for, leve pra um psiquiatra.

Besos, Leide